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Entrevista | O micro e pequeno empreendedor será o mais prejudicado, diz Mario Cezar de Aguiar

Filippe Scott

Liderança industrial com reconhecimento em todo o Brasil, o empresário Mário Cezar de Aguiar esteve na missão do presidente Jair Bolsonaro aos EUA no início do mês, que tomou conta dos noticiários internacionais após mais de 20 membros da comitiva serem infectados pelo coronavírus.

Embora os resultados do exame deram negativos, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, tomando todos cuidados possíveis de prevenção, acende um alerta para o setor da iniciativa privada que mais será afetado pela crise econômica, os micros e pequenos empreendedores, que irá depender de uma forte sensibilidade do poder público. “Os prejuízos serão enormes e hoje ele é incalculável”, disse em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini. Confira:


Marcos Schettini: O Sr. foi com o presidente da República na viagem aos EUA. Qual foi sua reação ao saber da contaminação no retorno ao Brasil?

Mario Cezar de Aguiar: A partir do momento em que tomei conhecimento do diagnóstico do integrante da missão do governo aos Estados Unidos, segui as recomendações do protocolo para a situação e realizei o exame para o coronavírus, cujo resultado foi negativo. Mesmo sem sintomas, adotei o isolamento domiciliar como medida preventiva.


Mario Cezar de Aguiar na missão oficial de Jair Bolsonaro aos EUA, no início de março (Foto: Divulgação)

Schettini: Este medo que toma conta de todos, vai terminar em qual lugar?

Mario: A preocupação é natural. Mas a experiência de outros países e a disseminação dos cuidados que a população deve ter para evitar a contaminação, tem ajudado a estabilizar a situação. O fim desse processo vai depender muito dos protocolos, de seguir as orientações das autoridades no sentido de preservar a saúde, principalmente isolando as pessoas de risco, que são as mais afetadas. Mas sem deixar de se preocupar com a manutenção da atividade econômica, para que não haja comprometimento futuro da economia de SC. O que deve nortear as ações é ciência, tanto no plano da saúde, quanto da economia.


Schettini: O cenário de guerra declarado por governadores, inclusive de SC, está correto?

Mario: Em linhas gerais, as medidas foram na direção correta, focando prioritariamente a saúde da população. Agora chegamos ao momento em que pode haver certa flexibilização, por conta do maior conhecimento que temos da situação. É uma hora oportuna para buscar o equilíbrio entre proteger a população e minimizar os efeitos da crise, para permitir a retomada da economia. Éramos o estado com o menor índice de desemprego do país por conta da pujança da nossa economia. Se seguirmos os protocolos recomendados, SC será um dos primeiros estados a se recuperar em termos econômicos.

Schettini: O que é verdade e ilusão em tudo isso?

Mario: A verdade é que haverá impactos na economia e o peso maior cairá sobre a iniciativa privada. Ilusão é não fazer nada e esperar que as coisas se acomodem por conta. É esperar que tenhamos soluções se agirmos com pró-atividade, se preservarmos ao mesmo tempo a saúde e a economia.


Schettini: A economia está sendo atacada ou é reflexo da necessidade?

Mario: O impacto na economia será intenso, mas já há projeções de crescimento para 2021, conforme estudos econômicos. E Santa Catarina, pelo seu histórico e por sua estrutura econômica, vai sair dessa crise. Temos históricos de desastres naturais e uma população bem consciente do seu papel, por isso deveremos sair dessa crise no menor tempo possível.


Schettini: O presidente da República contraria o setor científico e a maioria absoluta dos líderes mundiais. Qual a saída?

Mario: Ainda há muitas incertezas sobre essa questão e toda a sociedade precisa usar o bom senso. O mais importante é discutir ações que busquem soluções definitivas para agilizar a situação.


Schettini: A indústria não pode deixar de produzir, mas o vírus, invisível, anda lado a lado. O que fazer?

Mario: A indústria segue protocolos de segurança e critérios para evitar a contaminação. Certamente temos uma indústria protagonista que tem adotado procedimentos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Estado. Na nossa entidade temos disseminado boas práticas. Por meio do nosso Observatório Fiesc, promovemos uma troca de experiências entre as empresas, tudo isso para agilizar a solução dessa situação.


Schettini: Quanto é, hoje, o prejuízo destes dias de quarentena?

Mario: Os prejuízos serão enormes e hoje ele é incalculável, pois não sabemos até quando essa situação perdurará.


Schettini: Onde o governador Carlos Moisés está certo e errado?

Mario: Ele exerce o seu papel e precisa tomar decisões. O governador está flexibilizando as restrições em busca do equilíbrio entre a preservação da saúde da população e a retomada da atividade econômica, o que só é possível por meio de um diálogo permanente com os setores produtivos, como temos feito.

Schettini: O empresário segue a linha de desobediência e vai colocar a máquina para funcionar?

Mario: O empresário catarinense sempre foi responsável e segue as recomendações das autoridades. Ele tem a responsabilidade social e faz de tudo para manter os empregos. Isso nos permite enfrentar as crises e ser sempre destaque pelas baixas taxas de desocupação. O empresário está fazendo a sua parte, mas também precisa contar com a flexibilização, como a postergação de impostos, especialmente para o micro e pequeno empreendedor, que será o mais prejudicado.


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